Série Super-Herói: - As Aventuras da Sofia

Olá, vou postar aqui a continuação do primeiro episódio As Aventuras da Sofia.
As Aventuras da Sofia retrata a vida de uma rapariga de 15 anos que subitamente tem um super-poder: velocidade. Sabe que isto não é normal e, por isso mesmo, não quer contar a ninguém. No entanto, os seus dias são repletos de situações que ela tem que enfrentar para esconder o que lhe aconteceu mas nem sempre é fácil. Será que pode ser considerada uma super-herói?

Parte 2:

                Os primeiros dias de férias apesar de cansativos por estar o dia todo ao sol e de estar constantemente atenta a velocidades mais elevadas foram divertidos. Ela e os primos fizeram grandes castelos de areia com direito a cada janela personalizada com conchas e algas, todas elas diferentes, mas decoradas com muito empenho e dedicação. Modéstia à parte, até mereciam uma participação no Sand City em Lagoa tal eram a imponência dos seus castelos. Bem… talvez nem tanto. Mas que estavam bonitos, ai isso estavam.
                Também jogaram futebol, no entanto seria mais correto denominar esta atividade como batotabol. O nome dizia tudo e não era por causa dela. Apesar de não pescar grande coisa a futebol, era rápida (às vezes demais, mas a verdade é que sempre fora rápida mesmo antes de agora ter este “super-poder?” – ainda não sabia bem o que chamar ao que lhe aconteceu) e Sofia sabia que quando tinha a bola nos seus pés o que interessava era chutar a bolar para frente tentando curvar para a direção da baliza (o que nem sempre acontecia) ou para fora porque assim cortava o jogo. Esta técnica revelava-se algo eficaz quando jogava com os primos, mas não resultava muito bem nas aulas de Educação física, porque às vezes a bola ia ter com o adversário que estava mesmo à sua frente. Mas com os primos a técnica resultava na maioria das vezes e quando corria bem era quando o caldo se entornava.
                Ora bem, Sofia era a prima mais velha e tinha 15 anos, Mariana e Andreia tinham 14 e 13 anos, respetivamente e os gémeos Carlos e Ricardo de 12 anos. Eram gémeos verdadeiros e apesar de jogarem no clube da localidade onde viviam, vamos ser sinceros, não eram nada por aÍ além, mas eles achavam, com veemência, que sim. E como nasceram no dia 7 de junho de 2007 autointitulavam-se os “Gémeos CR7”.
                Pois.
                Já dava para ter uma ideia. Sendo os dois umas “réplicas”, em tamanho pequeno, do melhor jogador do mundo, deveriam jogar tão bem como ele. A questão é que isso nem sempre acontecia. E quando não acontecia é porque:
                Ou as primas fizeram alguma falta, e acreditem, eles tem uma imaginação do tamanho do Algarve;
                Ou elas lhes deram algum pontapé invisível, atirando-os para o chão e fazendo-os rebolar na areia agarrados ao pé, cheiinhos de dor, com tal exagero que chega a ser cómico;
                Ou elas pregaram-lhes uma rasteira qualquer, e eles estatelaram-se na areia a bater com o punho no chão a exigir repetição do lance.
                Enfim! Nunca mais acabava.
                Todos os jogos começavam bem. Havia fair-play entre todos os jogadores e até chegava a ser divertido. Visto que os rapazes se julgavam muito bons, faziam sempre questão de serem apenas eles próprios uma equipa contra as três raparigas. O problema aparecia quando o marcador começava a apontar uma clara vantagem sobre elas deixando os primos possessos. E era aqui que surgiam os mergulhos na areia devido a pontapés que sabia-se lá de onde vinham, rasteiras visíveis apenas aos olhos dos rapazes, foras-de-jogo – o que só por si já era impressionante porque no início do jogo não havia, mas quando estavam a perder subitamente já existia.
                A mais recente “falta” que a equipa das primas fez no último jogo é simplesmente hilariante. Andreia conseguiu passar a bola a Mariana – onde aqui muito ajudou a clara desorientação de Carlos, já furioso com o resultado, que deixou que a bola lhe passasse por entre as pernas – e quando esta a imobilizou com o pé, preparando-se para a passar para Sofia, o Ricardo começou a gritar e a abanar os braços:
                - Parou! Parou o jogo! A bola está fora.
                A estupefação surgiu nas caras das primas quando verificaram que a bola se encontrava, imaginem, dentro do campo.
                - Hã? Como assim? A bola está a 1 metro da linha de jogo – ripostou Mariana.
                Ricardo levou a mão ao queixo muito sério:
                - Não, não está. Oh Carlos, anda cá confirmar.
                O irmão aproximou-se, e como não podia deixar de ser, corroborou a mesma afirmação:
                - Está claramente fora do campo.
                Em seguida, Carlos começou a arrastar o pé para relembrar onde “era” efetivamente a linha de jogo, qual não foi o espanto delas quando viram que a linha de jogo em vez de seguir em linha reta, fazia uma curva. Para dentro.
                Conclusão: a bola estava fora.
                Com isto, a Andreia chateou-se de vez e chutando a bola para longe disse:
                - Ok, já chega desta palhaçada! Isto é ridículo! Quem quer ir à água?
                Desataram as três a correr para água com os rapazes a gritar de que o jogo ainda não tinha acabado.
                - Para quê? Já não sofreram o suficiente? – e riram-se as três.
                Os rapazes, resignados, acabaram também por ir.
                Sofia gostava muito dos seus primos, no entanto o futebol era a única coisa que as deixavam loucas, mas lá no fundo acabavam sempre por rir com as suas invenções.
                Tudo isto seria muito mais fácil para ela se não estivesse constantemente a se conter. Quando sabia que tinha de correr mais depressa, tentava “dizer” ao seu corpo que o termo “mais depressa” se resumia apenas a uma velocidade considerada normal na sociedade. Não sabia como, mas a maior parte do tempo conseguiu controlá-lo apesar de algumas vezes a situação ir quase se descambando. Como aconteceu logo no início do jogo, quando quis ir disputar a bola com Ricardo, sentiu a alta velocidade apoderar-se dela e antes que alguém notasse o que viria acontecer, atirou-se de imediato para o chão, mas com toda a atrapalhação da situação acabou por aterrar com a cara na areia para grande gáudio dos primos. Ao menos isso fez com que se rissem e não se apercebessem de nada.
                A outra vez foi quando estava na baliza, delimitada tipicamente pelos chinelos de praia de alguém, distraída com algo que a mãe lhe estava a dizer não reparou que, contra todas as expectativas, Ricardo estava a correr (e com a bola nos pés!), preparando-se para pontapear a bola. Por instinto, Sofia esticou-se para defender e foi aí que sentiu como uma pequena explosão dentro do seu corpo, e sabia que se não fizesse nada durante aquele milésimo de segundo ia sair dali disparada. Então, atirou-se novamente para o chão, desta vez com cuidado com a cara, e enterrou os braços e as pernas na areia para que não se notasse os seus membros exaltados com o estímulo de que era preciso correr. E ali ficou, fingindo-se desolada por não ter conseguido impedir que a bola entrasse.

Continua...

Nos próximos dias irei colocar o resto do episódio.

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